domingo, 24 de fevereiro de 2019

RELATO DE PARTO - O DIA MAIS EMOCIONANTE DA MINHA VIDA

relato de parto; nascimento; maternidade; Goiânia; bebê

dois anos passei pelo dia mais emocionante da minha vida... o nascimento da minha filha. 


Durante toda a gestação, eu e meu esposo tentávamos imaginar como seria este momento. Tínhamos preferência pelo parto normal, porém tanto a médica que nos acompanhava no pré natal, quanto outras pessoas do nosso convívio, não nos apoiavam nesta decisão. Daí você pode me perguntar "mas por que vocês não mudaram de médica", e eu lhe respondo, tentamos! Consultei diversos outros médicos disponíveis no meu plano de saúde, mas dentre aqueles que não faziam parto pelo plano, os que cobravam disponibilidade "a parte", para fazer parto normal, e aqueles que preferiam abertamente fazer cesárea, a médica que nos acompanhou boa parte do pré natal, pareceu a melhor escolha.

Para vocês terem ideia de como as pessoas (inclusive profissionais da saúde) reagiam quando falávamos de parto normal, com 37 semanas, por exemplo, fiz uma ultrassonografia e na ocasião a médica me perguntou que tipo de parto eu queria. Quando respondi parto normal, a médica simplesmente disse "eu hein, tem doido pra tudo". Imagina nossa indignação...

Logo após esta ultrassonografia, em uma das consultas de pré-natal, foi a vez da minha Ginecologista/Obstetra nos pressionar, ao verificar que naquele momento, a estimativa de peso da minha bebê era de aproximadamente três quilos. Segundo ela, até o fim da gestação a neném chegaria a quatro quilos e por isso eu deveria esquecer a ideia de parto normal. Então ficou claro que minha GO não estava disposta a respeitar nossa decisão pelo parto normal e daí começamos a pensar na ideia de continuar o pré-natal em uma maternidade pública de Goiânia, considerada referência em parto humanizado.

Apesar dos ótimos comentários que ouvíamos a respeito dessa maternidade, se trata de um hospital público e, além de todos problemas que vemos frequentemente nos serviços públicos, ainda tínhamos medo de que no momento do trabalho de parto não houvessem vagas na maternidade. Pensa na nossa tensão?

Bem, em meio a toda essa expectativa, na madrugada do dia 22 pro dia 23 de fevereiro comecei a sentir uma cólica. Nada muito doloroso, apenas um pequeno desconforto, que ocorria entre curtos intervalos. Animada, corri para pegar o celular e acessar o contador de contrações do aplicativo Gravidez+, porém acabei acordando meu marido. Ficamos ansiosos com a possibilidade de ser o início do trabalho de parto, mas ainda não tinha certeza se eram contrações verdadeiras, não sabia por quanto tempo aquele processo iria se prolongar, e como havíamos decidido ir pro hospital apenas quando a dor estivesse insuportável (recomenda-se que a gestante permanece em casa o máximo de tempo possível, onde se sente mais a vontade, mais confortável, evitando assim um longo período de internação desnecessário), então tentamos dormir novamente.

No dia seguinte continuei sentido as contrações, mas eram tão leves, que fui trabalhar normalmente e nenhum dos meus colegas de seção sequer percebeu que eu estava em trabalho de parto. Após o expediente fui pra casa e tentei descansar enquanto aguardava a chegada do meu esposo. No decorrer o dia, as contrações foram aumentando, mas ainda eram suportáveis. Tudo já estava preparado, mala de maternidade, documentos, apenas aguardávamos a evolução das contrações. Então, no início da noite, meu marido foi dormir, afinal teríamos uma jornada cansativa pela frente. Eu já não conseguia dormir, em virtude das dores. Daí, por volta das 9 horas da noite, as dores se tornaram mais intensas, fui ao banheiro e vi sair um muco da minha vagina, que provavelmente seria o tampão, então acordei meu esposo e pedi que me levasse a maternidade. 

Antes de entrar no carro, senti enjoo e vomitei. Respirando profundamente, para não vomitar dentro do carro, nos dirigimos ao hospital, que felizmente fica próximo a minha casa. Chegando lá, fui atendida rapidamente. E quando o médico pediu que tirasse a calcinha pra me examinar, vi sair uma bola de muco, daí percebi que aquilo sim era o tampão. O médico verificou que eu estava com 4cm de dilatação e me encaminhou pra uma sala de preparação para o parto, onde ficaria até atingir 7 ou 8cm. Enquanto isso, meu marido foi providenciar a documentação para  minha internação e desfazer toda a mala, pois naquele hospital só podia entrar sacolas e bolsas transparentes.

Nesta sala de pré-parto só tinha eu e outros 2 funcionários, que me orientaram a caminhar, para estimular a dilatação. Com muito enjoo, vomitei diversas vezes e não via a hora de sair dali e partir para a sala de parto. Por volta das 3h da madrugada, o médico me examinou e disse que já poderia ir para a sala de parto. Feliz, encontrei meu marido no corredor e fomos juntos para a referida sala. Achei a estrutura do local ótima. Era uma sala com cama, poltrona, um pequeno armário, todos os equipamentos hospitalares, banheiro com chuveiro e uma daquelas bolas de pilates, que logo usei para aliviar as dores. É incrível como a água morna realmente alivia a dor até determinado momento, pois já no finalzinho, não há nada mais que funcione... a dor parece se tornar contínua e eu já nem sentia os intervalos entre as contrações. 

Amanheceu e a dilação não evoluía. Uma das enfermeiras propôs furar a bolsa, para ajudar o bebê a descer mais e assim aumentar a dilatação. Porém, não adiantou muito. Decidiram injetar a ocitocina na veia e eu mal cheguei aos 9cm de dilatação, quando disseram que os batimentos da minha filha haviam reduzido. Neste instante chamaram uma médica. Naquela altura do campeonato eu estava exausta, não suportava mais as dores, dizia que não aguentava mais, daí a médica falou que estava cheia de pacientes pra atender e que eu tinha que cooperar. Sem explicar a mim ou ao meu marido o que faria, ouvi ela dizer às enfermeiras que teria de fazer uma "Kristeller". Foi quando ela deu um forte empurrão na minha barriga com o cotovelo (fiquei com a barriga dolorida naquele local por uma semana). O bebê coroou, daí instintivamente quis fechar as pernas, então as enfermeiras se colocaram uma em cada perna, segurando para eu não fechar. Tentei empurrar, não consegui, daí a médica aplicou outra manobra Kristeller. Minha filha nasceu. Porém, não chorou. Nesse momento todos médicos e enfermeiras se colocaram ao redor dela, tentando reanimá-la e remover o líquido que ela havia aspirado. Foram minutos de terror pra mim e meu esposo. Até que finalmente ela chorou, graças a Deus!

Minha filha permaneceu com um capacete, estimulado sua respiração por um tempinho, enquanto uma enfermeira concluía os procedimentos do parto em mim (remoção da placenta, pontos das lacerações, etc...). Mas, felizmente ela reagiu bem, foi pro banho e voltou linda para os meus braços. Como eu chorei. Ainda estávamos receosos se ela teria alguma sequela, em virtude do parto difícil, da manobra Kristeller, da dificuldade em respirar. No entanto, a felicidade, a emoção eram imensas. Fomos para o apartamento e permanecemos internadas por mais 5 dias, pois ela teve icterícia. Nesse meio tempo, tive dificuldades para amamentar, descobrimos com a fonoaudióloga, que minha filha tinha "língua presa", sofremos por vê-la o dia todo embaixo daquela luz (para o tratamento da icterícia), morrendo de medo que ela removesse sem querer os tampões que protegiam seus olhos, mas graças a Deus tudo transcorreu bem e hoje ela está linda e saudável.

Como vocês puderam perceber, durante minha gestação e também no parto, infelizmente passei por vários médicos que simplesmente não tiveram sensibilidade e respeito por este momento tão especial e difícil que é a gravidez. Em Goiânia, não tem nem meia dúzia de médicos que defendem o chamado parto humanizado. E, enquanto alguns fazem apenas atendimento particular, outros atendem somente pelo plano de saúde UNIMED. Ou seja, se você não pode pagar por estes "santos" do parto humanizado, ou você faz uma cesária (recomendada pela esmagadora maioria dos GO's) ou fica a mercê dos plantonistas das maternidades, torcendo pra encontrar alguém qua não te trate com má vontade. 
 
Não me arrependo de optar pelo parto normal, também não sou radical a ponto de dizer que jamais faria uma cesárea. Tudo é questão de bom senso e respeito pela vida e pelas decisões de cada um. De qualquer modo, espero que meu relato de parto possa ter esclarecido alguma dúvida ou ajudado você a tomar suas próprias decisões.

Abraços,
 
Carolina


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